O Problema da Dor e do Sofrimento Humano

As seguintes perguntas nos devem levar à reflexão e a preparar o espírito para melhor compreensão deste tema.

a) É a dor um bem ou um mal?
b) Por que pessoas boas sofrem grandes males, enquanto maus e perversos, muitas vezes, estão livres de infortúnios?
c) O que nos ensina uma melhor lição: a dor, o sofrimento; ou a segurança, a prosperidade?
d) Por que Salomão diz em Ecles. 7:2 que é melhor ir à casa onde há morte, tristeza do que à casa onde há festa, alegria?
e) Se Deus é amor e bondade por que permite Ele o sofrimento em nosso mundo?
f) Sabemos dar uma resposta bíblica satisfatória para o problema da dor e do sofrimento?

Pregação é uma mensagem divina para uma necessidade humana. Creio sinceramente que há grande necessidade de compreender bem o problema da dor e do sofrimento entre nós.

Existem pelo menos quatro idéias apresentando razões para o sofrimento:

1ª) É a Vontade de Deus.
2ª) A pessoa está recebendo o castigo, por causa do seu pecado.
3ª) Sofremos porque Deus nos está disciplinando.
4ª) O sofrimento é causado por Satanás e pelo desobediência ou ignorância do homem.

Estas quatro explicações são apresentadas na Bíblia, especificamente no livro de Jó, mas três são respostas humanas, portanto erradas, enquanto a quarta é de origem divina, logo correta.

Queremos estudá-las para que todos tenhamos boa compreensão deste problema que nos preocupa e a todos atinge.

A finalidade do livro de Jó é apresentar uma solução correta para o problema da dor e do sofrimento.

É a dor um bem ou um mal?

Dor é advertência do perigo, dor é a guarda da vida.

Zenão, filósofo grego, do III século AC. foi o criador do estoicismo. O estoicismo é a doutrina que vê no sofrimento um benefício para o homem. O lema da escola era: Dor tu és uma bênção para nós. Os estóicos sofrem sem se queixarem.

1ª) É a vontade de Deus

Muitos afirmam que as tragédias e os dissabores da vida manifestam a vontade divina.

O poeta Magalhães Muniz expressa esta mesma idéia nestes dois versos:

O sofrimento é lâmpada sagrada,
Que a mão de Deus acende em nossa vida.

Esta é a idéia dos muçulmanos. Devem aceitar o sofrimento como a vontade de Deus. Islamismo significa submissão à vontade divina.

Esta afirmação é totalmente antibíblica.

Poderá Deus desejar que seres humanos criados à sua imagem sofram enfermidades e desgraças?

O próprio Jó, a exemplo de tantos hoje, pela estreiteza da mente era incapaz de compreender os planos divinos.

Jó 30:6 – “Sabei agora que Deus é que me oprimiu.”
Jó 30:11 – “Porque Deus afrouxou a corda do meu arco, e me oprimiu…”
Jó 30:19 – “Deus, tu me lançaste na lama…”

Este raciocínio é humano, mais do que humano é diabólico, jamais endossado na Bíblia.

Deus não foi o causador do sofrimento de Jó – foi Satanás com o objetivo de que o paciente Jó visse a Deus, como um tirano e dele se afastasse.

Não tem ele conseguido este objetivo com muitas pessoas em nosso mundo?

Certo professor duma grande Universidade nos Estados Unidos foi atropelado por um carro, que o atirou ao chão, fraturando-lhe a perna. Depois de restabelecido ao assistir a um serviço religioso disse: “Não creio mais num Deus pessoal. Se houvesse Deus, Ele me teria advertido para eu tomar cuidado com o perigo do carro que se aproximava e me teria salvo dessa desgraça.”

2ª) Com o sofrimento Deus está castigando a pessoa.

O livro de Jó nos parece contraditório, conflitante em algumas de suas afirmações. Fique bem claro que Deus não está aprovando afirmações de Jó e muito menos os conceitos errados dos seus amigos.

Os três amigos de Jó – Elifaz, Bildade e Zofar argumentavam que Deus o estava castigando por causa dos seus pecados.

Elifaz declara em Jó 4:7 – “Lembra-te: acaso já pereceu algum inocente? E onde foram os retos destruídos?”

No capítulo 5, verso 6 ele é mais enfático – “Porque a aflição não vem do pó, e não é da terra que brota o enfado.”

Bildade com suas catilinárias – Jó 8: 4, 10-13 prossegue afirmando que Deus o está castigando porque ele é um pecador.

Como afirmar isto se o próprio Deus havia declarado em Jó 1:1, 8 que ele era um homem íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal.

“Permitiu que a aflição sobreviesse a Jó, mas não o abandonou. . . . Deus sempre tem provado o Seu povo na fornalha da aflição. É no calor da fornalha que a escória se separa do verdadeiro ouro do caráter cristão.” – Patriarcas e Profetas págs. 129.

No capítulo 11 Zofar acusa Jó de iniquidade.

Quem está certo? Deus ou os homens?

Raciocínios humanos não se devem opor aos ensinamentos divinos. Os amigos de Jó eram pessoas boas e sinceras, mas com noções erradas a respeito do caráter de Deus.

Se passarmos ao Novo Testamento veremos que os discípulos também pensavam da mesma maneira. Encontrando o cego de nascimento perguntaram a Jesus: “Quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? A resposta de Cristo é enfática e elucidativa: “Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus”. João 9:1-3.

Calamidades e desastres não significam castigo por pecados pessoais. Bons e maus se acham juntos na Terra e as tragédias sobrevêm a uns e a outros.

Como harmonizar esta declaração com as afirmativas bíblicas de que Deus cuida de seus filhos, que os anjos são seres ministradores enviados a nosso favor?

Após a triste tragédia que atingiu o Pastor José Monteiro, o Pastor _Enoch de Oliveira faz mais ou menos a seguinte declaração perante a Mesa Administrativa do IAE: “Está havendo poucos desastres diante da maneira ousada e imprudente de nossos pastores dirigirem seus automóveis”.

Deus não vai intervir quando nós infringimos as leis do trânsito. Ele não vai operar um milagre, quando alguém cansado e vencido pelo sono, continua dirigindo o seu carro como muitos têm feito e como eu também já fiz. Da mesma maneira que Ele não pode intervir, ajudar-nos ao sermos desrespeitadores das leis da saúde, transgressores de leis criadas por Ele. Mas quantas vezes o povo de Deus não tem sido livrado da morte e dos sofrimentos que Satanás provoca como mundo.

Três vezes Cristo faz referências a Satanás como Príncipe deste mundo: João 12:31; 14:30; 16:11.

3ª) Sofremos porque Deus nos está disciplinando.

Não está esta idéia bastante arraigada em nosso meio?

O quarto acusador de Jó, o jovem Eliú parece ser o pai deste argumento. Isto está bem confirmado no capítulo 33:19 e 29. Há muitos Eliús em nossos dias, bem intencionados, mas totalmente equivocados quanto ao modo de Deus agir com o homem.

Muitos admitem que Deus em Sua infinita sabedoria e bondade submete o homem a uma tortura cruel para purificá-lo.

Alguém afirmou: “O sofrimento é a escada da purificação”.

Em um Estudo Bíblico estampado na Revista Adventista do mês de Abril de 1952 pág. 11, há esta afirmação: “Deus nos purifica mediante a aflição. Isa. 48:10; Jó 23:10.”

Se fosse assim não deveríamos abrandar o sofrimento, porque seria contrário aos planos divinos. Sabemos que é uma obra divina o aliviar a dor. Se a perfeição fosse adquirida pelo sofrimento teríamos a salvação pelas obras. As penitências teriam a aprovação divina. A salvação só é obtida pela graça de Cristo mediante a influência do Espírito Santo no coração.

Note bem: Se Deus usasse a dor, o sofrimento para nossa disciplina haveria uma incoerência com a teologia bíblica que ensina algo diferente. I Cor. 3:16-17. Ainda mais o apóstolo João, em sua terceira carta, verso 2 declara: “Desejo que tenhas saúde”.

Há uma íntima relação entre a saúde do corpo e da alma. A condição física afeta a condição da alma, portanto o sofrimento não pode purificar a alma. Lendo o livro Temperança, especialmente, o capítulo Fumo, notaremos a nítida relação entre a saúde do corpo e da alma.

Mas não diz a Bíblia que Deus corrige, admoesta, disciplina os seus filhos?

Apoc. 3:19 – “Eu repreendo e castigo a quantos amo.”

Heb. 12:6 – “Porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita todo filho a quem recebe.”

Sempre que Deus tomou medidas disciplinares com os homens, quando a sua maldade era extrema como no Dilúvio e em Sodoma e Gomorra, antes de fazê-lo enviou mensageiros apelando para que as pessoas se arrependessem. Já o fez e o fará novamente no futuro, mas Isaías 28:21 nos diz que esta obra é uma obra estranha à personalidade divina.

Alguém estará raciocinando assim: “Se as idéias dos amigos de Jó estão relatadas na Bíblia, então elas são certas.”

A resposta a esta afirmação está em Jó 42:7 e 8. Deus repreendeu os amigos de Jó por havê-lo acusado injustamente, por haverem atribuído o sofrimento do patriarca à ira divina.

Através de perguntas que levassem Jó a raciocinar corretamente Deus o convence que tanto ele, quanto seus amigos, não compreendiam corretamente o trato de Deus com o homem. Nos capítulos 38 e 39 encontramos mais de 40 destas perguntas. Estas interrogaç6es, em última análise, visavam mostrar a Jó e a nós que Deus é o Criador e Mantenedor de tudo.

Jó havia lutado com um crocodilo e o havia vencido e domesticado. Jó 41:8. Se Deus se deleitava em cuidar de um animal perigoso e para nós até repulsivo como o crocodilo, quanto mais não cuidaria do homem criado à Sua imagem e semelhança? Deus não se esquecera de Jó, sofrera com ele. Como pois afirmar que Ele era o autor do castigo?

Estará Deus alheio, indiferente às nossas dores e sofrimentos? A Bíblia está repleta de afirmações que mostram a identificação divina com os que sofrem. Os exemplos são muitos, mas estes três são bastante enfáticos:

1º) Salmo 9:9 – “O Senhor é também alto refúgio para o oprimido, refúgio nas horas de tribulação.

2º) Salmo 41:3. O Senhor nos assiste no leito da enfermidade.

3º) II Cor. 1:4. É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação.

4ª) Qual a explicação bíblica, divina para a dor e o sofrimento?

A dor surgiu como conseqüência de um desvio das ordens divinas da parte dos nossos primeiros pais.

Prov. 26:2 última parte afirma: “Assim a maldição sem causa não se cumpre.”

A dor e sofrimento não podiam ser criados por Deus, pois são intrusos na criação divina. O culpado por estes males em nosso mundo é Satanás, e o homem que desobedeceu à ordem divina que preceituava – “mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.”

Deus dotando o homem do livre arbítrio, da liberdade, responsabilizou-o pelos seus atos. Apesar de avisado o homem contrariou os desígnios divinos.

Como alguém escreveu muito judiciosamente:

Deus fez o bem – o homem escolheu o mal.
Deus fez o homem justo, o homem procurou a impiedade.
Deus o fez feliz – ele procurou a desgraça e a miséria.

Em essência as Escrituras nos relatam o seguinte:

1º) O homem foi criado perfeito e colocado por Deus num mundo ideal.
A criação original é descrita como muito boa (Gên. 1:31), harmoniosa e ordenada, isenta de sofrimento.

2º) A condição de felicidade era obediência à vontade divina.

3º) Desobedecendo à lei divina o homem acarretou sobre si: sofrimento, miséria e morte.

“A história de Jó mostrara que o sofrimento é infligido por Satanás, mas Deus predomina sobre ele, para fins misericordiosos.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 471.

A sentença divina foi bem explícita – “Com dor terás filhos. Maldita é a terra por causa de ti, com dor comerás dela todos os dias da tua vida.”

A dor apareceu devido à desobediência dos nossos primeiros pais.

O poeta patrício Francisco Otaviano tornou clara a realidade de que todo o ser humano deve sofrer, pois em sua poesia Ilusão da Vida disse:

Quem passou pela vida em branca nuvem,
e em plácido repouso adormeceu;
quem não sentiu o frio da desgraça;
quem passou pela vida e não sofreu,
foi espectro de homem, não foi homem;
só passou pela vida, não viveu.

Annie Johnson Flint escreveu um lindo poema que diz:

Deus não prometeu céus sempre azuis,
veredas semeadas de flores por toda a vida;
não prometeu sol sem chuva,
nem alegrias sem tristeza ou paz sem dor;
mas Deus prometeu forças para o dia,
luz para o caminho, graças para as tribulações,
auxílio de cima, compaixão inalterável e imorredouro amor.

O profeta Daniel, não foi guardado de ir para a cova dos leões; porém o anjo do Senhor esteve, com ele ali.

José era justo, mas foi da mesma maneira para a prisão. As Escrituras dizem: “O Senhor, porém estava com José”. Gên. 39:21.

Se tivermos de enfrentar dores e tribulações devemos estar confiantes que o Senhor estará conosco.

Heb. 13:6 – “Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?”

Deus tolera o sofrimento e pode ser até que por meio de aflições, dores e tribulações esteja nos ensinando algumas lições, que de outro modo não aprenderíamos, mas jamais olvidemos que em todas nossas angústias Ele é angustiado. Isa. 63:9.

“Paulo tinha um sofrimento corporal, tinha má vista. Pensava ele que por meio da oração fervorosa a dificuldade fosse removida. Mas o Senhor tinha o Seu próprio propósito, e disse a Paulo: Não fales mais deste assunto. Minha graça é suficiente. Eu te capacitarei para suportares a enfermidade”. – Comentários de E. G. White, SDABC, Vol. VI, p. 1117.

O sofrimento corporal foi permitido para que ele não se exaltasse. II Cor. 12:7.

Foi João Batista o culpado pelo seu sofrimento da prisão, pelo desfecho trágico de sua existência? Por que Deus permitiu que isto acontecesse é quase inexplicável por argumentos humanos.

Há algumas passagens na Bíblia que não podemos compreender muito bem.

• Salmos 116:15 – “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos.”
• Isa. 57:1 – “. . . pois o justo é levado antes que venha o mal.”

O que nos ensina uma melhor lição: o sofrimento, o luto ou segurança e a prosperidade?

Há uma resposta na Bíblia para esta indagação.

Ela se encontra em Eclesiastes 7:2 e 3 – “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração. Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.”

Segundo a Bíblia os discípulos de Cristo recebem de Deus a força para suportar os sofrimentos, mas em nenhum lugar ensina um comportamento estóico.

A obra de Cristo consiste em livrar o homem do sofrimento, da corrupção e da morte (Rom. 8:21; I Cor. 15:26), bem como do pecado (Mat. 1:21).

Qual deve ser a nossa atitude para com a dor e sofrimento?

A resposta se encontra em I Pedro 4:16, 19.

Devemos aceitar a dor e o sofrimento com espírito cristão. Eles nos devem levar a confiar mais em Deus.

As aflições aceitas com espírito cristão suavizam as asperezas da vida, controlam as ambições humanas, removem o egoísmo e o orgulho.

Os sofrimentos nos ensinam a paciência e enriquecem a nossa experiência.

Goethe escreveu: “Se tua dor te incomoda faze dela um poema”.

É interessante notar que muitas das mais belas páginas literárias, dos mais belos e sublimes hinos, das mais eloqüentes composições musicais foram inspirados em momentos de profunda tristeza. Foi a dor diante da morte do filho que levou Fagundes Varela a nos brindar com o Cântico no Calvário, uma das mais sublimes páginas da literatura brasileira.

Beethoven, Mozart e Haendel acometidos por cruéis sofrimentos compuseram músicas de imorredoura beleza.

Conclusão

Diante da dor e do sofrimento – os estóicos suportam, os epicuristas procuram o prazer como compensação; os budistas e os hindus, sem esperanças se retiram desiludidos; os maometanos se submetem, pois crêem ser a vontade de Deus. Mas nós firmados na palavra do Senhor os colocamos em seu devido lugar, e até podemos nos alegrar porque eles nos aproximam mais de Deus.

Graças a Deus pela declaração de O Grande Conflito, pág. 676:

“A dor não pode existir na atmosfera do Céu. Ali não mais haverá lágrimas, cortejos fúnebres, manifestações de pesar. ‘Não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, … porque já as primeiras coisas são passadas.’ Apoc. 21:4. ‘E morador nenhum dirá: Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será absolvido da sua iniqüidade.’ Isa. 33:24.”

Se no início da Bíblia há o relato da entrada da dor e do sofrimento, no seu final há promessas de um novo céu e uma Nova Terra, onde tudo isto estará no passado.

Demos Graças a Deus pela orientação segura da sua Palavra, porque esperamos uma Terra onde poderemos viver felizes, sem temor, decepções e sofrimentos.

Extraído da Apostila Explicação de Textos difíceis da Bíblia de Pedro Apolinário.

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4 respostas para O Problema da Dor e do Sofrimento Humano

  1. irmão leitor disse:

    Bom seria que os amigos fizessem download do livro “Explicação de Textos Difíceis da Bíblia”, de Pedro Apolinário.
    http://www.4shared.com/document/LUZIPw4H/Apolinrio_Pedro_Explicao_de_te.html

  2. Já temos esta apostila disponível para download, em nossa biblioteca virtual. Mas obrigada pela sugestão :)

  3. Tony Mota disse:

    Primeiramente quero pedir desculpas por ‘invadir o espaço onde não fui chamado’. Também quero pedir desculpas se as minhas palavras soarem ofensivas pois no caso quero debater os fatos e não questionar a crença de outrém.

    Na minha opinião a sua explanação é mais humana e com intenção de ajudar aqueles que estão passando por dificuldades, do que uma explicação baseada na bíblia cristã (conhecida como oráculo de Deus) para a dor e o sofrimento.

    Um dos maiores problemas da característica de Deus (Jeová ou a Trindade) é que ele é onisciente, onipresente e onipotente. Contudo essas ‘características infinitas’, incrivelmente, são interpretadas individualmente de acordo com as ‘expectativas finitas’ que temos em relação à ele, seja nos momentos de alegria ou de fragilidade.

    Embora hajam entendimentos distintos, um ponto em comum é que Deus é visto como um GRANDE SÁBIO e que devido a essa sabedoria ele poderia vislumbrar o que é melhor para as suas criaturas.

    Sinceramente, embora os livros canônicos reunidos pela Igreja Católica tenham muitas contradições e idéias consideradas estranhas ao nosso raciocínio, boa parte dessa mitologia pode ser aceitável se Deus fosse Sábio, pois este teria um conhecimento muito maior que um ser humano. Logo seus planos seriam imcompressíveis à nós e por isso só ELE entenderia totalmente o Plano de Salvação.

    O problema é que Deus é absoluto e perfeito – logo ele não poderia criar seres que vão contra a sua própria felicidade. Nós poderíamos ter o livre arbítrio de fazer apenas as coisas boas e isso não seria egoísmo de Jeová já que não teríamos pecado para sentirmos a falta de praticar o mal.

    É interessante ressaltar que Deus tem livre arbítrio já que ele é onipotente e nem por isso ele pratica o mal : aliás biblicamente ele imputa essa responsabilidade à Satanás. Mas de onde surgiria o pensamento malvado de Satanás ? Esse seria o preço do livre arbítrio pago por Deus ?
    Mas se esse era o preço , então o mal foi criado por Deus ? Ou ele é ‘pré-existente’ ? O poder absoluto de Deus não permite nem que haja potencialização de algo ‘fora do seu poder’. Mas biblicamente essa incoerência foi possível.

    Na verdade esses questionamentos são extremamente importantes para esclarecer a dor pois é por causa da nossa fragilidade é que recorremos à uma crença sobrenatural . De acordo com a Bíblia é através da dor que chegaremos à Nova terra – nós suportaremos a dor em Jesus Cristo.

    Finalizando o meu ponto deixo a seguinte pergunta : Como temos a garantia de que não surgirá um novo Diabo entre as criaturas na eternidade da Nova Terra trazendo a dor novamente, às custas do tão sagrado livre arbítrio divino ?

    Bem acredito que se Deus, que é onisciente, permitiu isso uma vez, nada garante que ele, em nome de sua ‘democracia sectária divina’ não fará isso novamente, e, novos Adãos e Evas surgirão trazendo a dor ‘de volta’.

    Abs ! Paz !

  4. (Tony Mota disse: 02/01/2013 às 13:53)
    Tony,
    A garantia de que o mal não se levantará segunda vez está na Palavra de Deus, que sabe o futuro. Ele revelou isso.
    Mas, suponhamos (note bem: é uma suposição!), caso novamente surgisse, poderia ser eliminado de imediato, pois todos, por experiência na própria carne, já sabem o que o mal causa, e, que realmente isso nada tem a ver com o Criador.
    _______________________________________________
    Quanto ao livre arbítrio, lembremos: Deus o criou e o deu dentro do período da perfeição. Isso indica que as criaturas deveriam exercê-lo na escolha de coisas perfeitas (as únicas oferecidas pelo Criador).
    Um pálido exemplo: a mãe prepara a mesa e chama o filho, para que este se alimente, e tenha saúde. Ela coloca vários alimentos, e todos são bons. Espera que o filho escolha arroz, ou feijão, ou batata, ou laranja, ou uva, etc., ou todos, ou nada – mas jamais colocará um veneno para que seja escolhido. [Bem, talvez hoje seja possível que mães façam isso, lamentavelmente].
    Deus nunca colocaria o mal para ser escolhido, pois Ele é Santo, Puro e Perfeito.
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    Na nova Terra, o mal já não existirá, e continuaremos a ter o livre arbítrio, para escolher entre as boas coisas que o Senhor criou.

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