Como surgiu o dogma católico da veneração de Maria?

O Novo Testamento deixa claro que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria quando ela ainda era virgem (Mt 1:18-25; Lc 1:26-56; 2:1-7). Mas a igreja apostólica jamais atribuiu a Maria qualquer função especial junto à comunidade dos crentes. No entanto, várias teorias especulativas a respeito de Maria começaram a se infiltrar no cristianismo pós-apostólico. Justino Mártir, Irineu e Tertuliano sugeriam que, como Eva havia sido a fonte do pecado e da morte, Maria trouxe a bênção da redenção ao mundo. Não demorou muito para que se consolidasse também a noção da perpétua virgindade de Maria.

No Concílio de Éfeso (431), Maria foi declarada “mãe de Deus” (grego Theotokos), o que ajudou a estimular a crescente veneração da Virgem Maria através de cultos e orações a ela dedicados. Mas foi, sem dúvida, a oração da “Ave Maria”, originária do século 11, que mais contribuiu para popularizar essa veneração. Philip Schaff declara que durante a Idade Média “a veneração de Maria degenerou-se gradualmente na adoração de Maria”, a ponto de suplantar a própria “adoração de Cristo”.

A teoria da imortalidade natural da alma proveu o embasamento necessário para abrigar o dogma católico da assunção de Maria. Na Idade Média difundiu-se a crença de que a alma de Maria teria sido levada para o Paraíso logo após a sua morte; mas, quando o seu corpo estava para ser sepultado, Jesus o buscou a fim de ser reunido com a alma dela. Como se isso não bastasse, Maria passou a ser considerada como exercendo a função de mediadora humana junto ao trono de Cristo, através da qual os seres humanos poderiam ter acesso à majestade divina e obter graça especial. Em 1854, o papa Pio IX decretou o dogma da Imaculada Conceição de Maria, sugerindo que ela “foi preservada imune de toda mancha do pecado original”.

A veneração de Maria continua ocupando um lugar central na teologia católica romana. O novo Catecismo da Igreja Católica (publicado em 1992) corrobora a crença: “Cremos que a Santíssima Mãe de Deus, nova Eva, Mãe da Igreja, continua no Céu sua função materna em relação aos membros de Cristo.” E mais: “Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura ininterruptamente… Assunta aos céus, não abandonou este múnus salvífico, mas, por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna.”

A revista Newsweek de 25 de agosto de 1997 revelou que “um crescente movimento na Igreja Católica Romana” estava sugerindo que o papa aprovasse um novo dogma reconhecendo Maria como co-redentora com Cristo. Naquela ocasião, o papa já havia recebido em apoio a essa proposta “4.340.429 assinaturas de 157 países”, entre as quais constavam as assinaturas de “aproximadamente 500 bispos e 42 cardeais”.

Por mais significativa que a veneração da Virgem Maria tenha se tornado para a Igreja Católica Romana, ela não possui qualquer base bíblica. Jesus mesmo advertiu contra tal postura em Lucas 11:27 e 28: “Ora, aconteceu que, ao dizer Jesus estas palavras, uma mulher, que estava entre a multidão, exclamou e disse-lhe: Bem-aventurada aquela que te concebeu, e os seios que te amamentaram! Ele, porém, respondeu: Antes, bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!” Em Lucas 8:21, Cristo acrescenta: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam.”

A teoria da mediação de Maria diante de Cristo a favor dos seres humanos é contrária ao ensino de Cristo de orarmos diretamente ao Pai em Seu nome. Jesus mesmo afirmou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por Mim” (Jo 14:6). “E tudo quanto pedirdes em Meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo 14:13). E o apóstolo Pedro acrescentou: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4:12).

O próprio dogma da assunção de Maria ao paraíso cai por terra se levarmos em consideração o ensino bíblico de que os mortos permanecem em estado de completa inconsciência na sepultura (ver Sl 115:17; 146:4; Ec 3:19, 20; 9:5, 6 e 10), aguardando o dia da ressurreição final (ver Jo 5:28 e 29; I Co 15:51-54; I Ts 4:13-18). Se os justos fossem levados ao céu por ocasião da morte, o apóstolo Pedro jamais poderia ter afirmado no Pentecostes que Davi, um dos heróis da fé, ainda não havia subido “aos Céus” (At 2:29 e 34).

Cremos, por conseguinte, que Maria foi uma pessoa piedosa e temente a Deus; mas, como Davi, ela ainda não se encontra no céu e, como qualquer outra criatura, ela jamais deveria ser venerada (ver Ap 22:8 e 9).

Texto de autoria do Dr. Alberto Timm, publicado na Revista Sinais dos Tempos, setembro/outubro de 2003, p. 30.

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8 respostas para Como surgiu o dogma católico da veneração de Maria?

  1. Ricardo disse:

    A estratégia de paganização do Cristianismo pela Igreja Romana tem como principal fundamento a deificação de Maria, que no caso está apenas disfarçada como “Mãe-de-Deus”, todavia representando as deidades babilônicas desde o tempo de Ishtar-Astarote, passando por todas as versões semelhantes da pérsia, grécia e roma: Diana, Semiramis, Cibele, etc., todas versões do lado feminino de Lúcifer.

  2. Amado Nicoli disse:

    Concordo com o Ricardo, haja visto o culto a yemanja aqui no brasil. Reparem que pra cada país tem uma idolatria feminina : Mexico – guadalupe, Brasil – yemanja e aparecida , chegam ao absurdo de dizerem que é a padroeira do brasil, e por aí vai…
    Por isso louvemos a majestade do nosso único DEUS, O SENHOR JESUS CRISTO, AMEM

  3. Luis Chacon disse:

    Falando en yemanja (não gosto nem de escrever este nome, mas tudo bem) Já se deram conta do que é o símbolo do StarBuks (a cefeteria)?
    Jeremias 44 :17-25 Fala da rainha do céu e o pecado que cometeu o povo. Ainda ontem lí um comentário de um católico dizendo extamente essas palavras: que Maria era a rainha do céu, infelizmente o comentário dele era de 2010, senão mandaria um Jeremias 44 para, apesar de saber que nada aconteceria.

  4. Oi Luis,

    Nunca tinha reparado no logotipo da rede Starbucks, agora que você falou fui dar uma conferida e realmente é uma mulher com uma coroa de estrelas na cabeça e parece-me que tem também um rabo de peixe, ou seriam dois? Lembra uma figura de Iemanjá, ou uma sereia, ou uma representação da “rainha do céu”… será que a rede já deu alguma explicação sobre o significado de seu logotipo?

  5. Luis Chacon disse:

    Pois é exatamente isso, dois rabos. Eu na verdade não sei se yemanja tem rabo de peixe jejejeje. Mas que tem a ver com alguma dessas deusas por ai, isso não tenho dúvidas. O símbolo s exxon se não me engano é a cruz templária Ie pertence a família Bush, vários empresas tem aquele “olho que tudo vê” da maçonaria, muitas igrejas católicas também tem, a capa do Sargent Pepers, entre outros tem o Alexter Crowley. Sempre me perguntava: por que uns fazem tanto sucesso, e outras pessoas tão talentosas ou mais, não? Por que umas empresas porosperam tanto e outras vão para o buraco. Acho que tem muit a ver com o que, ou quem esta por trás. Abraço

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  7. Edson disse:

    Eu creio que o íntimo de cada um revela um pouco de Deus. O fato dos católicos venerarem Maria me coloca em xeque, pois não a vejo como deusa, tampouco Diana, Atenas, Yemanjá,.. dentre outras. mas Paulo, no areópago, nos chama a atenção para percebermos que somos da raça do próprio Deus. Não é a própria Escritura que afirma no livro das origens no verso 26 do 1º capítulo: “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”.
    Portanto, caríssimos, somos todos meio que deuses, porém sem a divindade original que o Cristo trás. Mas se Maria gerou o Filho de Deus, com a intervenção do Espírito da Graça, ela, antes de qualquer um já está no gozo da graça eterna, pois o próprio Espírito da criação original, é o mesmo que anuncia a redenção no seu ventre.
    Demais, precisamos nos abrir a ação divina e deixar que o justo juiz, determine em nossas ações a nossa redenção.
    Amém!

  8. Rony disse:

    Cremos, por conseguinte, que Maria foi uma pessoa piedosa e temente a Deus; mas, como Davi, ela ainda não se encontra no céu e, como qualquer outra criatura, ela jamais deveria ser venerada (ver Ap 22:8 e 9).

    Já que disserem que certas alegações são descartadas, em prol de outros relatos bíblicos, este também cai por terra, quando lemos OQUE JESUS DISSE AO BOM LADRÃO NA CRUZ….

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