É verdade que os escravos não ressuscitarão dentre os mortos?

Ellen White aborda esse assunto no livro Primeiros Escritos, pág. 276, em que aparece a seguinte declaração: “Vi que o senhor de escravos terá de responder pela salvação de seus escravos a quem ele tem conservado em ignorância; e os pecados dos escravos serão visitados sobre o senhor. Deus não pode levar para o Céu o escravo que tem sido conservado em ignorância e degradação, nada sabendo de Deus ou da Bíblia, nada temendo senão o açoite do seu senhor, e conservando-se em posição mais baixa que a dos animais. Mas Deus faz por ele o melhor que um Deus compassivo pode fazer.

Permite-lhe ser como se nunca tivesse existido, ao passo que o senhor tem de enfrentar as sete últimas pragas e então passar pela segunda ressurreição e sofrer a segunda e mais terrível morte. Estará então satisfeita a justiça de Deus.”

O próprio texto deixa claro que a Sra. White está se referindo aqui não a todos os escravos de forma generalizada, mas somente àqueles que foram mantidos “em ignorância e degradação, nada sabendo de Deus ou da Bíblia, nada temendo senão o açoite do seu senhor, e conservando-se em posição mais baixa que a dos animais”.

É interessante notarmos que, um pouco mais adiante, no mesmo livro Primeiros Escritos, pág. 286, são mencionados escravos entre os justos que receberão a vida eterna: “Vi o escravo piedoso levantar-se com vitória e triunfo, e sacudir as cadeias que o ligavam, enquanto seu ímpio senhor estava em confusão e não sabia o que fazer; pois os ímpios não podiam compreender as palavras da voz de Deus.”

Existe aqui um evidente contraste entre o escravo “conservado em ignorância”, que será deixado “como se nunca tivesse existido”, e o “escravo piedoso”, que receberá a vida eterna. Esse contraste nos impede de generalizarmos a questão como se todos os escravos fossem tratados da mesma forma. Portanto, apenas aqueles escravos que foram mantidos nas condições subumanas acima mencionadas, completamente destituídos de livre-arbítrio, é que não receberão nem a vida eterna, por não terem vivido em conformidade com os princípios do evangelho, e nem o castigo final, por não serem responsáveis pelos seus próprios atos.

Texto de autoria do Dr. Alberto Timm publicado na Revista do Ancião (abril – junho de 2005).

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7 respostas para É verdade que os escravos não ressuscitarão dentre os mortos?

  1. Débora disse:

    Por favor então explique melhor , quando na Bíblia diz que Deus não leva em conta os tempos de ignorância…grata

  2. Débora,

    Nestas declarações Ellen White estava distinguindo entre o escravo “piedoso” e o “conservado em ignorância”, que nada sabe de Deus. Quanto ao último, ela declarou com discernimento profético que o ato mais compassivo para um Deus justo seria deixar que estes escravos permanecessem na sepultura, sem ser ressuscitados no juízo.

    Alguns fazem objeção a esta declaração porque a Bíblia diz que “todos os que se acham nos túmulos … sairão” (João 5:28 e 29). Alguns capítulos mais tarde, João citou Jesus: “E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim” (João 12:32). Aqui temos dois exemplos entre muitos onde os escritores bíblicos usaram linguagem todo-inclusiva mas com restrições bem definidas. Ninguém, senão os universalistas, afirma que todos, cedo ou tarde, serão redimidos, a despeito de seu caráter ou de seu desejo. Nem todas as pessoas serão atraídas a Jesus porque nem todas estão dispostas a ser atraídas!

    Outro exemplo de uma declaração geral, todo-inclusiva, é a descrição que João faz do segundo advento: “… e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes, e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face dAquele que Se assenta no trono” (Apoc. 6:15, 16). Obviamente, nem todo escravo e nem todo livre irão se perder!

    Os profetas, como todas as outras pessoas, usam às vezes linguagem inclusiva, e a maioria das pessoas entende as restrições que estão subentendidas. A pergunta seguinte é: como Deus lida com aqueles que não estão nem entre “os que tiverem feito o bem”, nem entre “os que tiverem praticado o mal” (João 5:29)? O melhor que podemos fazer é nos unir a Abraão, o pai dos fiéis, e crer com confiança: “Não fará justiça o Juiz de toda a Terra?” (Gên. 18:25).

  3. Lucyanne disse:

    Isso me leva a pensar no que faria Deus, em sua Justiça, com crianças que morrem ainda bebês…Como os escravos, não tiveram oportunidade de escolha, pois não conhecem o certo & errado. E com eles?!?! O que faria Deus?!

  4. Lucyanne,

    Recomendo a leitura do artigo a seguir:

    Serão salvas as crianças que morreram antes de atingirem a idade da razão?

    Clique para acessar o salvacao_criancas_morreram.pdf

  5. irmão leitor disse:

    Sou pai. Eu amo meus filhos. São presentes que meu Amado Criador me concedeu.
    Minha felicidade é completa. Fico imaginando, porém, quando vierem os netos! Será fantástico, como dizem amigos que são avós.

    Um filho não estar entre os salvos. Eu choro diante de tal possibilidade. Imagine o Pai!

    Vocês e Deus me perdoem por minha ignorância e limitação, mas há coisas que eu não consigo expressar satisfatóriamente. Um ser humano que “jamais soube” que estava perdido e que precisava do Salvador, e, por isso, não ser salvo – que coisa esquisita! Enquanto isso, o senhor dos escravos pediu perdão, e terá a vida eterna!!!

    Por outro lado, uma criança que morre, cujos pais não estarão entre os salvos, ela será salva – que coisa é essa?!!! Mas, e as crianças dos escravos? Ser escravo ou filho dele, e ignorante, é certidão para nunca mais viver?

    Lembrem-se, irmãos, que o inimigo de Deus tem interesse nesse assunto. Não acalentemos dúvida sobre o caráter, a natureza e a justiça de Deus, nosso Pai Criador. Ele é o nosso Amado Salvador.

    Particularmente, guardo em meu coração que o presente de Deus é vida, e não o silêncio da tumba.

    Com certeza há uma resposta para esse tema. Pode até não ser nenhuma das apresentadas na escrita humana.

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