Maravilhas da Criação

criacionismo

Por John T. Baldwin, Leonard R. Brand, Arthur Chadwick, and Randall W. Younker

Charles Darwin chegou à famosa conclusão de que o Antigo Testamento contém “uma falsa história do mundo” e, portanto, “não se deve confiar na Bíblia… mais do que em qualquer crença bárbara”.1 Os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia vivem em um mundo onde a evolução é considerada natural e, em geral, segue a lógica de Darwin. Além disso, um número crescente de estudiosos e cientistas cristãos conclui que, uma vez que não se deve crer no relato da origem das coisas, outras “verdades” da Bíblia não podem ser aceitas como confiáveis.2 Os adventistas, porém, continuam a valorizar o ensinamento bíblico da criação especial (isto é, uma criação recente e de uma semana). Por quê?

Este artigo considera por que a doutrina da criação ainda é especial e profundamente importante, abordando primeiro sua base escriturística, como endossado recentemente pela Comissão Executiva da Associação Geral,3 seguida de uma observação mais próxima no impacto que a doutrina da criação especial tem sobre quatro doutrinas fundamentais.

A Criação Especial nas Escrituras

O ensino bíblico sobre a criação especial é baseado em sete passagens fundamentais referentes à criação, a saber, Gênesis 1 e 2; Êxodo 20:8-11; Salmos 19:1-6; 33:6, 9; 104; Hebreus 11:3, que devem ser relacionadas a Apocalipse 14:6, 7.

O relato de Gênesis 1 e 2 é importante. Esses dois capítulos complementares ensinam intencionalmente o cômputo da história da Terra e a origem das primeiras formas de vida no Planeta.4 Êxodo 20:8-11, escrito pelo dedo de Deus, lembra-nos o lugar central do sétimo dia, o sábado, como memorial da criação. O quarto mandamento só faz sentido se a semana da criação foi um evento literal de sete dias que claramente se refere ao relato de Gênesis. Ela descreve, com clareza, a criação de Deus em um curto período de tempo, culminando com criaturas que ostentam Sua própria imagem, incumbidas da responsabilidade de cuidar do mundo.

Os adventistas, em geral, têm endossado a opinião de que esses históricos dias da Criação não foram míticos ou metafóricos, nem os chamados dias divinos literais, onde cada um dos seis dias supostamente seja traduzido em milhões de anos da Terra, chegando a alguns bilhões de anos.5 Os dias da Criação foram dias como os nossos, compostos de 24 horas literais.

Além disso, o material cronológico em Gênesis 4, 5 e Mateus 1 são compatíveis apenas com o tempo de poucos milhares de anos desde a Criação e não com milhões de anos. Entretanto, por que é importante saber há quanto tempo aconteceu? Por que nos preocuparmos com o tempo? Isso é muito importante, e a razão é que envolve nossa resposta às interpretações científicas modernas sobre a idade geológica e o que dizem sobre a natureza de Deus e 
sobre a Bíblia. Os tempos primordiais e a teoria da evolução de todas as criaturas passam de mão em mão. Temos que escolher entre tempos primordiais, associado à evolução das formas vivas, e a semana recente da criação bíblica.

O conceito da criação recente é importante. Ele protege contra o conceito da evolução teísta ou progressiva, o qual parece alastrar-se na compreensão adventista de criação especial.

Apocalipse 14:6, 7 salienta a importância da doutrina da criação especial no contexto da cultura pós-moderna de nossos dias. A linguagem específica da última mensagem de Deus para o mundo é tal que fervorosamente todas as pessoas são chamadas a adorar a Deus, porque utilizou em Sua criação o método breve, pacífico, compassivo de seis dias, em alusão a Êxodo 20:11. Isso 
reafirma uma criação especial do mundo, 
muito importante para o tempo do fim. Em um mundo neo-darwinista, é demonstrado que Deus é totalmente digno de culto por causa do método breve, recente e temporal que Ele usou na Criação.

No clímax da Criação, Deus descansou, abençoou e santificou o sétimo dia, instituindo assim o sábado do sétimo dia, com base na Criação, para toda a humanidade (Marcos 2:27). O sábado serve como imutável memorial da conclusão da Criação de seis dias, e de uma relação santificada entre o Criador e os seres criados à Sua imagem.

Quando a Criação foi concluída, Deus declarou que Seu trabalho criativo era “muito bom” (Gn 1:31). Posteriormente, o autor do Salmo 19 ecoa essa aprovação e entusiasmo divinos, relacionando a Criação com a glória de Deus (Sl 19:1-6).

Criação

Deus é o Criador de todas as coisas, e revelou na Escrituras o relato autêntico de Sua atividade criadora. “Em seis dias, fez o Senhor os céus e a Terra” e tudo que tem vida sobre a Terra, e descansou no sétimo dia dessa primeira semana (Êx 20:11). Assim, Ele estabeleceu o sábado como perpétuo monumento comemorativo de Sua esmerada obra criadora. O primeiro homem e a primeira mulher foram formados à imagem de Deus como obra-prima da Criação; foi-lhes dado domínio sobre o mundo e atribuída a eles a responsabilidade de cuidar dele. Quando o mundo foi concluído, ele era “muito bom”, proclamando a glória de Deus (Gn 1; 2; Êx 20:8-11; Sl 19:1-6; 33:6, 9; 104; Hb 11:3)

Criação Especial e Outras Doutrinas Bíblicas

A combinação de quatro razões principais mostra por que é importante a crença em uma criação histórica recente. Primeiro, a criação está indissoluvelmente ligada à autoridade e inspiração das Escrituras. Se a leitura literal de Gênesis 1 e 2 não pode ser confiável, qual será o critério para indicar as partes “confiáveis” ou “duvidosas” da Bíblia?

Segundo, o conceito alternativo de uma evolução teísta e progressiva produz problemas insolúveis envolvendo os ensinos bíblicos sobre o caráter amoroso do Criador (1Jo 4:8). Se alguém aceita a evolução teísta como o suposto método divino intencional da criação, teria que harmonizar mais de 3,8 bilhões de anos de trauma, ações predatórias, doença, morte, extinções em massa, sofrimento, incontáveis catástrofes geológicas de todas as formas e outros tantos males, com a imagem bíblica de um Deus de amor.6 O cientista David Hull concorda afirmando que o Deus incluído na teoria evolucionista não é nem amoroso, nem um Deus a quem alguém estaria inclinado a orar, mas alguém quase diabólico.7 Definitivamente, esse não é o Deus que cuida até dos pardais (Mt 10:29-31).

Terceiro, o conceito de uma criação de milhões de anos requer necessariamente a negação da histórica queda literal, da inundação global e de um Adão histórico, por meio do qual o pecado passou para toda a humanidade e, em última instância, implica a negação da necessidade de aceitar a Jesus como Salvador por intermédio de Sua vida e morte na cruz (Gn 2:9, 17; Rm 5:12, 14; 6:23; 8:20, 21; 1Co 15:26). Com essa perspectiva, a morte no reino animal, incluindo os hominídeos, aparece milhões de anos antes do pecado, comprometendo assim a expiação e a redenção.

Quarto, uma criação especial histórica confirma a razão divina para a observação do sábado. Considere algumas implicações se, como alguns sugerem, Deus, no mandamento do sábado de Êxodo 20:11, está apenas usando uma linguagem compreensível aos seres humanos e não dizendo o modo real como Ele criou os seres vivos na Terra, em seis dias literais. Se for assim, o próprio Deus comete duas vezes o proibido falso testemunho no mandamento do sábado. Contrariamente ao que afirma, lido literalmente, Ele não criou o mundo em seis dias, nem descansou no sétimo dia. (Será que também abençoou o sétimo dia?) Se o mandamento for compreendido no sentido não histórico, Deus fundamenta o divino propósito para a adoração no sétimo dia sobre eventos que nunca aconteceram. Ao fazê-lo, parece que Deus coloca em dúvida Sua própria sabedoria e credibilidade.

Unindo Tudo

A criação especial preserva a integridade das Escrituras, salvaguarda o amoroso e louvável caráter de Deus, confirma a realidade da expiação, redenção e integridade do sábado do sétimo dia. Essas razões, e outras mais, mostram por que uma criação especial do mundo é tão importante para a missão e a mensagem adventista.

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1Nora Barlow, ed., The Autobiography of Charles Darwin 1809-1882 (Nova Iorque: Norton, 1958), p. 85.
2Langdon Gilkey, Religion and the Scientific Future: Reflections on Myth, Science and Theology (Macon, Ga.: Mercer University Press, 1970), p. 9
3Devido à importância da criação especial, a Igreja Adventista patrocinou recentemente, dois Seminários Internacionais Sobre Criação, Fé e Ciência (2002 e 2004) e encorajou, em todo o mundo, em 2003, a realização de seminários regionais. Um documento de consenso foi criado no Seminário Internacional Sobre Fé e Ciência de Denver (2004), intitulado “Confirmação da Criação”, e encaminhado para a Comissão Executiva da Associação Geral, no Concílio Anual de 2004. Esse corpo da Associação Geral, de 353 membros, discutiu e aceitou o relatório de Denver e votou a histórica resposta chamada: “Resposta à Confirmação da Criação”. Esse documento, publicado, entre outros canais de publicação, pela edição da Divisão Norte-Americana da Adventist Review, 4 de agosto de 2005, p. 11, afirmou a semana da criação recente, literal e histórica, composta de dias como os nossos e um dilúvio global. A palavra global foi significativamente usada, pela primeira vez, em votação de uma declaração sobre a Criação, na Associação Geral.
4Randall W. Younker, “Genesis 2: A Second Creation Account?” in Creation, Catastrophe & Calvary, ed. John T. Baldwin (Hagerstown, Md.: Review and Herald, 2000), p. 40-68.
5 Opinião formulada por Gerald L. Schroeder, The Science of God: The Convergence of Scientific and Biblical Wisdom (New York: Free Press, 1997).
5This view is formulated by Gerald L. Schroeder, The Science of God: The Convergence of Scientific and Biblical Wisdom (New York: Free Press, 1997).
6Veja Thane Hutcherson Ury, “The Evolving Face of God as Creator: Early Nineteenth-Century Traditionalist and Accommodationist Theodical Responses in British Religious Thought to Paleonatural Evil in the Fossil Record,” (Ph.D. diss., Andrews University, 2001).
7David L. Hull, “The God of the Galápagos”, Nature, v. 352, nº 6335 (8 de agosto de 1991), p. 486.

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Este artigo representa a colaboração única entre estudiosos da Bíblia, teólogos e cientistas. John T. Baldwin é professor de Teologia do Departamento de Teologia e Filosofia Cristã, na Universidade Andrews. Randall W. Younker é professor de Antigo Testamento e Arqueologia Bíblica na 
mesma universidade. Leonard R. Brand 
é professor de Biologia e Paleontologia 
na Universidade de Loma Linda, e 
Art Chadwick é professor de Geologia e Biologia na Universidade Adventista do Sudoeste.

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Uma resposta para Maravilhas da Criação

  1. Tudo que você faz conta disse:

    Muito bom.

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